Prejuízo às empresas

Eu vou beber pra esquecer meus problemas. Eu vou beber pra esquecer minhas dívidas. Eu vou beber para esquecer minhas angústias. Eu vou beber que hoje eu quero alegria”

Fernando* não se considera alcoólatra. “Eu? De jeito nenhum”, responde, convicto. Tem 25 anos e trabalha na área administrativa de um cartório da capital do país. Bebe — sozinho ou com os amigos — pelo menos três vezes por semana. Perdeu a conta dos dias em que bateu o ponto virado da farra na noite anterior, de ressaca ou, como ele diz, “doidão mesmo”. Certa vez, recorda aos risos, dormiu por quase uma hora no chão do banheiro do cartório, abraçado ao vaso sanitário para uso exclusivo de deficientes físicos. “Ali é mais espaçoso”, justifica.

Mesmo sem reconhecer ser dependente do álcool, Fernando percebe os prejuízos da bebida na vida profissional. “Sinto cansaço no corpo e na mente. Pensar fica mais difícil”, relata. Por mês, o jovem gasta, no mínimo, R$ 500 para “tomar uma e espairecer”. No dia seguinte, não consegue evitar o cochilo na frente do computador. Diz que vai entregar algum documento, mas, na verdade, passa em casa para descansar no meio do expediente. “O chefe só não percebe porque é muita gente.”

O álcool responde por 50% das ausências no serviço, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Encarado, quase sempre, de forma engraçada ou velada, o alcoolismo mina a produtividade no cartório onde Fernando trabalha e em milhares de empresas e órgãos públicos brasileiros. As consequências vão muito além dos atrasos e das faltas motivadas pela ressaca. O mau uso da bebida, que atinge todos os cargos e níveis, favorece acidentes — muitos, fatais — afastamentos por doenças e situações em que o funcionário está presente, mas não usa todo o potencial.

À conta do alcoolismo das empresas somam-se o aumento de gastos com horas extras, o comprometimento da qualidade do produto ou serviço, um maior desperdício de materiais, sem contar os prejuízos nas relações interpessoais. “Em um mundo cada vez mais competitivo, o alcoolismo provoca prejuízos imensuráveis, afetando a lucratividade das empresas”, sentencia Rita Brum, diretora da Rhaiz Soluções em Recursos Humanos.

 

Fonte:Renato Fechine CORREIO BRAZILIENSE - 21-01-2015

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