Até que a rede nos separe

Os grupos privados de mães e noivas no Facebook, nos últimos dois anos, mudaram a maneira como as mulheres do Distrito Federal se relacionam e trocam experiências. Em um mesmo espaço, esses fóruns reúnem, em média, 15 mil pessoas. Os mais populares, entretanto, ultrapassam a marca de 20 mil usuários. Estão cadastradas brasilienses de todas as regiões, classes sociais, idades e culturas. As participantes denunciam irregularidades, trocam conselhos, engajam-se em causas sociais, discutem temas polêmicos, comentam a novela, compram e vendem trabalhos. É uma capacidade de mobilização muito grande. E também uma exposição incauculável. Aproveitando a situação, começaram a surgir picaretas que aproveitam da boa-fé das participantes para dar golpes.

Em um fórum de casamento que reúne 18.500 pessoas, por exemplo, uma das mulheres se dispôs a emprestar o vestido de noiva a quem não tivesse dinheiro para comprar. A única condição era devolvê-lo limpo. A primeira que levou a peça não trouxe de volta. Após tentar, por dias, sem sucesso, o contato por telefone e internet, acabou expondo a situação no grupo. As companheiras se solidarizaram e foram questionar, via rede social, uma resposta. Em meia hora, tiveram retorno: a lavanderia teria sumido com a peça. Bastou mais um pouco de pressão e ela devolveu o vestido. 

Não é possível afirmar se a situação resultou da falta de comunicação ou má-fé. Afinal, não houve queixa na polícia e o post foi apagado do grupo. Mas a moderadora do fórum, Lívia Oliveira, proibiu pedidos de doação por aquele meio. “Nós recebemos denúncias de mulheres que iam buscar as arrecadações com carro importado”, revela. Mas a gota d’água ocorreu quando uma das participantes fez um depoimento emocionado, pedindo donativo de ouro para poder fazer a aliança de casamento. “É difícil avaliar se as pessoas são sem noção, se as participantes interpretam errado ou se de fato existe quem atue de má-fé .”

Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, os crimes no Facebook são cada vez mais comuns. Além de links e aplicativos falsos que instalam vírus e roubam dados, há truques banais. O caso relatado acima não é necessariamente um crime cibernético, mas sim apropriação indébita — e as pessoas que foram vítimas devem registrar ocorrência. Se o item, entretanto, for doação, não há golpe, pois receberam o produto de livre espontânea vontade. “É uma situação ética e moral, porém não é crime”, explica a polícia, em nota.(Fonte: OLÍVIA MEIRELES - CORREIO BRAZILIENSE 20-01-2015)

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